Construtoras devem faturar alto com Minha Casa Minha Vida até 2025, estimam analistas

Na MRV, o valor dos apartamentos subiu 18% em um ano, saindo de R$ 208 mil para R$ 246 mil; na Cury, houve alta de 15%, para R$ 283 mil
Os balanços das construtoras devem manter-se positivos ao longo de 2024 e 2025, devido ao reconhecimento contábil das vendas já realizadas com preços mais altos.
Construtoras devem faturar alto com Minha Casa Minha Vida até 2025, estimam analistas

Matéria publicada originalmente por Estadão Conteúdo – A revitalização em curso do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) desde o ano passado abriu espaço para as construtoras ampliarem as vendas de imóveis com preços mais elevados. Isso resultou em uma expansão significativa de receita, margem e lucro em 2023, com a expectativa de que os balanços continuem a prosperar ao longo de 2024 e 2025, conforme estimam analistas.

Cury, Direcional, MRV, Plano & Plano e Tenda, as cinco construtoras do segmento listadas na Bolsa, registraram, juntas, uma receita líquida de R$ 4,7 bilhões no quarto trimestre de 2023. Esse montante foi 26% superior ao do mesmo período de 2022. O lucro líquido dessas cinco empresas totalizou R$ 313 milhões no quarto trimestre de 2023, enquanto um ano antes esse resultado líquido foi próximo de zero.

Em média, a margem bruta, que mede o lucro das operações antes dos impostos e dos juros das dívidas, aumentou de 28% para 32%. Já a margem de lucro líquido foi de 7%.

“Todas as cinco melhoraram seus resultados, e muito disso foi efeito do Minha Casa Minha Vida. As empresas estão ganhando bastante dinheiro depois dos ajustes no programa”, afirmou o analista de construção civil do BTG Pactual, Gustavo Cambaúva. “O subsídio maior do programa continua permitindo às empresas subirem preços. Foi realmente muito bom para os resultados”, disse o analista do Citi, André Mazini.

Os resultados mais fortes foram observados nas empresas Cury, Direcional e Plano & Plano, segundo os analistas. Já a MRV e a Tenda também estão em um ciclo de melhora, mas ainda apresentam números fracos devido à reestruturação dos negócios para compensar estouros de orçamentos do passado.

Tendências

Os balanços das construtoras devem manter-se positivos ao longo de 2024 e 2025, devido ao reconhecimento contábil das vendas já realizadas com preços mais altos. Isso ocorre porque as empresas de construção apuram a receita das vendas de modo proporcional ao andamento das obras. Portanto, as vendas realizadas ao longo do ano passado só irão compor os balanços ao longo deste ano e do próximo, quando os imóveis vendidos na planta estiverem prontos.

“A receita não sobe de maneira imediata. Isso vai bater lá na frente e será muito bom para a receita e para as margens das empresas por mais de um ano”, estimou Mazini, do Citi. “As empresas ‘engravidaram’ de um resultado bom. Com tudo correndo normalmente, sem disparada de custos das obras, devemos ver resultados bons nos próximos trimestres”, completou Cambaúva.

Este movimento foi mencionado pelo presidente da Direcional, Ricardo Gontijo, em teleconferência. “Existe a perspectiva de continuidade no crescimento da receita nos próximos trimestres”, disse, destacando que há uma diferença relevante entre o valor dos lançamentos e vendas já realizados, e a receita apurada no balanço.

Lançamentos, vendas e preços avançaram

As cinco construtoras ampliaram os lançamentos em 20% no quarto trimestre em comparação anual, chegando a R$ 6,8 bilhões. As vendas líquidas subiram 54%, para R$ 6,3 bilhões.

Na MRV, o valor dos apartamentos subiu 18% em um ano, passando de R$ 208 mil para R$ 246 mil. Na Cury, houve um aumento de 15%, para R$ 283 mil; na Plano & Plano, o aumento foi de 4%, para R$ 209 mil; e na Tenda, o aumento foi de 9%, para R$ 206 mil.

Vale ressaltar que o aumento dos preços ocorreu sem uma queda na velocidade das vendas. Isso foi possível devido às novas regras do MCMV, que ampliaram o poder de compra da população, explicaram os analistas. “Mesmo tendo subido o preço, a conta ainda fecha para o consumidor, dados os novos subsídios para o programa”, disse Cambaúva.

O copresidente da MRV, Rafael Menin, afirmou que o MCMV está em um dos seus melhores momentos em termos de atratividade para as empresas. “Não me lembro de ter um programa tão favorável para o segmento econômico quanto o atual”, disse, em entrevista recente ao Broadcast.

Grande vitrine do governo Lula, o MCMV foi reformulado para impulsionar os lançamentos e as vendas. Desde a metade de 2023, houve um aumento do subsídio dado às famílias para aquisição de imóveis (de R$ 47,5 mil para R$ 55 mil), corte dos juros em 0,25 ponto percentual para o financiamento das famílias de menor renda (para o patamar de 4,0% a 4,25% ao ano) e elevação do teto de preços dos imóveis de R$.

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.