Construção civil pressiona governo a reduzir empréstimos com recursos do FGTS para imóveis usados
Matéria publicada originalmente por Mariana Carneiro e Bianca Lima, O Estado de S. Paulo – A pressão do setor da construção civil sobre o governo para reduzir os subsídios e o acesso ao crédito destinado à aquisição de imóveis usados, financiados com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), intensifica-se.
De acordo com dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), aproximadamente 50% das unidades financiadas pelo programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) são atualmente imóveis usados. Na linha Pró-cotista, direcionada à classe média, esse número sobe para 70%.
O setor argumenta que a proporção de unidades do MCMV deveria ser reduzida para 10%, destacando que os números atuais excedem o padrão histórico e prejudicam o ciclo de “retroalimentação” do FGTS. Ou seja, a criação de empregos na construção deveria resultar em novas contribuições para o fundo, restabelecendo os recursos disponíveis para futuros empréstimos.
Quanto ao Pró-cotista, a indústria avalia que o percentual poderia ser ligeiramente superior a 10%, mas ainda menor do que o atual. O assunto será discutido no próximo encontro do Conselho Curador do FGTS, agendado para o dia 26.
Este comitê, composto por representantes dos empregadores, dos trabalhadores e do governo, irá deliberar sobre os subsídios concedidos aos imóveis usados, que equivalem a um tipo de desconto oferecido à população atendida pelo Minha Casa Minha Vida.
Atualmente, o desconto para imóveis usados é de 50% em relação aos novos. A indústria da construção sugere que esse desconto seja reduzido para 30% do oferecido aos novos.
No que diz respeito aos empréstimos do segmento Pró-cotista, destinados à classe média, há uma pressão para que a Caixa Econômica Federal priorize operações com imóveis novos. A Caixa é a instituição financeira oficial do governo para o uso do FGTS na habitação.