Construção industrializada: foco está em acelerar obras e atrair jovens

Mecanização tem sido a forma encontrada para atrair trabalhadores qualificados para o setor, terceiro maior empregador em 2023, atrás de serviço e comércio
Construção industrializada tem sido a forma encontrada para atrair trabalhadores qualificados para o setor.
Construção industrializada: foco está em acelerar obras e atrair jovens

Matéria publicada originalmente por Ana Luiza Tieghi, Valor Econômico – A industrialização do canteiro de obras para acelerar lançamentos de novos empreendimentos foi destaque no jornal Valor Econômico, nesta sexta-feira (16).

De acordo com a matéria, a industrialização está gradualmente transformando os canteiros de obra e começando a atrair construtoras que buscam maior eficiência e rapidez na entrega de seus empreendimentos.

Diante da escassez de mão de obra, especialmente entre os jovens, que demonstram cada vez menos interesse em trabalhos considerados muitas vezes insalubres, a mecanização surge como uma solução para atrair profissionais qualificados para o setor, que foi o terceiro maior empregador em 2023, ficando atrás apenas dos setores de serviços e comércio.

Um exemplo notável desse avanço é o edifício Skyline Tower, com 37 andares e 130 metros de altura, entregue no final do ano passado em Balneário Camboriú (SC), que adotou processos industrializados para acelerar a obra. O empreendimento não contou com reboco manual nas paredes internas e externas, substituído pelo sistema “drywall”, uma estrutura de gesso e papel acartonado utilizada em todas as divisões dos apartamentos. Além disso, a fachada foi revestida por um sistema não aderido, conhecido como fachada ventilada, utilizando peças prontas de porcelanato. Até mesmo a piscina foi entregue pronta de fábrica. Essas medidas resultaram em uma redução de 35% no número de trabalhadores no canteiro, além de uma diminuição de 18 meses no tempo de construção e uma redução de 20% na geração de resíduos. A empresa almeja elevar esses padrões para 50% em outro empreendimento em construção na mesma cidade, o Boreal Tower.

A expectativa do setor é que a industrialização, vista como uma forma de aumentar a produtividade, apesar de inicialmente mais cara, possa voltar a atrair mão de obra para o setor.

Atualmente, o setor emprega cerca de 2,6 milhões de pessoas no país, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), representando um aumento de 6,6% em relação a 2022. Foi o terceiro setor que mais gerou empregos no ano passado, ficando atrás apenas de serviços e comércio. No entanto, encontrar trabalhadores tem sido um desafio, com custos mais elevados e alta rotatividade, conforme relatam os empresários.

O salário médio no setor é de R$ 2.230, de acordo com o Caged. Uma posição inicial, como a de servente de pedreiro, tem uma remuneração média de R$ 8,49 por hora, segundo o Boletim Econômico do Sinduscon-SP de janeiro, equivalente a um salário mínimo.

Yorki Estefan, presidente do Sinduscon-SP, citou na matéria que o setor tem falhado em atrair os mais jovens, apesar do uso de tecnologia nos canteiros. Um dos problemas é o ambiente ainda considerado “agressivo” nas obras. Ele destacou a necessidade de industrializar mais os processos para mudar essa realidade.

Já há processos aplicados em larga escala no mercado, como kits para instalações hidráulicas, elétricas e para portas. São usados principalmente no segmento econômico, que tem margens apertadas e sempre busca redução de custo. “Antes, para colocar porta precisava do marceneiro, depois alguém para colocar a fechadura, outro para pintar. Hoje ela vem montada e pintada”, disse Estefan.

Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), também citou na matéria como viáveis o uso de pistolas para pintura, máquinas que aplicam reboco, maior disseminação de paredes de concreto e do uso de “wood frame” e de estruturas feitas em aço (“steel frame”) para aumentar a produtividade no setor e a industrialização nas obras.

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.