Venda de imóveis em São Paulo atinge nova marca recorde
Matéria publicada originalmente por Rebeca Freitas, Estado de S. Paulo – O cenário de obras em cada esquina de bairros como Mooca e Perdizes reflete o recente dinamismo do mercado imobiliário em São Paulo. Em março, pela primeira vez, o total de imóveis vendidos na capital paulista ultrapassou a marca de 100 mil unidades no acumulado de 12 meses, conforme pesquisa da Brain Inteligência Estratégica. Comparado ao mesmo período do ano anterior, houve um crescimento de 25%.
A alta demanda tem promovido transformações significativas na cidade, com bairros tradicionalmente comerciais ganhando empreendimentos residenciais. Um exemplo é Santo Amaro, que abriga o Largo 13, conhecido como a “25 de Março” da Zona Sul. Esta região é agora o quarto bairro com mais vendas e o terceiro com mais lançamentos.
Outro destaque é a Mooca, um bairro tradicional da capital, que ainda possui fábricas, galpões e casas, e está cada vez mais no foco do mercado imobiliário. Assim como no passado, quando o bairro abrigava famílias abastadas que construíam mansões, agora vê a construção de prédios de alto padrão.
De acordo com o estudo da Brain, a Mooca lidera as vendas na capital, com 3.540 apartamentos comercializados em 12 meses. O bairro da Zona Leste também foi o que mais lançou novos apartamentos padrão no período, ficando em segundo lugar nos lançamentos do programa Minha Casa, Minha Vida, atrás apenas do Jardim São Luís, na Zona Sul.
Em março de 2024, foram lançados 21 empreendimentos residenciais em toda a cidade, introduzindo 6.056 unidades no mercado. No mesmo mês, as vendas líquidas totalizaram 8.154 unidades residenciais. Especialistas indicam que, se não houvesse novos lançamentos, o estoque existente na cidade seria esgotado em menos de um ano.
Efeito dos Juros
Para o economista Renan Pieri, professor da Fundação Getúlio Vargas, um fator crucial para o crescimento do setor imobiliário nos últimos meses foi a queda dos juros. “A redução das taxas de juros pode impulsionar o mercado imobiliário, pois torna o crédito mais acessível e barato, diminuindo o custo das parcelas de empréstimos e facilitando a aquisição de imóveis dentro do orçamento familiar,” explicou Pieri em entrevista ao Estado de S. Paulo.
Além disso, com os juros mais baixos, a poupança e outros investimentos financeiros se tornam menos atrativos, incentivando investimentos em imóveis, que podem oferecer melhores retornos por meio de aluguel ou valorização. Contudo, a possibilidade de que o ciclo de queda dos juros tenha terminado na última reunião do Copom, ou esteja prestes a terminar, pode representar um desafio para o mercado no futuro próximo.