Tenda reforça posicionamento da faixa 1 do MCMV e quer voltar a crescer devagar

Tenda mantém seu foco na faixa 1 do programa, que atende famílias com renda de até R$ 2.640. Entre as vendas deste ano, 63% foram para essa faixa
Tenda mantém seu foco na faixa 1 do programa, que atende famílias com renda de até R$ 2.640. Entre as vendas deste ano, 63% foram para essa faixa.
Tenda reforça posicionamento da faixa 1 do MCMV e quer voltar a crescer devagar

Allan Ravagnani, Valor Econômico – Sem divulgar projeções para 2024, a incorporadora Tenda buscou reforçar em evento para investidores, nesta sexta-feira (8), que segue com seu plano de recuperação após os desvios de custos que apresentou na pandemia de covid-19.

O presidente Rodrigo Osmo destacou que a incorporadora é a maior operadora do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) atualmente, tendo produzido 60,7 mil unidades entre 2020 e 2023, enquanto a segunda maior incorporadora, a MRV, fez 44 mil no mesmo período.

A Tenda mantém seu foco na faixa 1 do programa, que atende famílias com renda de até R$ 2.640. Entre as vendas deste ano, 63% foram para essa faixa. “O governo tem prioridade para a faixa 1”, afirmou Osmo. O executivo destacou que o FGTS Futuro (uso de créditos futuros do programa para aumentar a renda disponível do cliente), e o Regime Especial de Tributação (RET) 1, a redução da alícota de tributação de 4% para 1%, medidas que ainda vão beneficiar a empresa, são exclusivas para a faixa 1 do MCMV.

A expectativa da Tenda é que elas entrem em vigor no primeiro trimestre de 2024, e poderiam contribuir com aumento de 1,7 ponto percentual na margem bruta da companhia, que terminou o terceiro trimestre em 21,7%, alta de 17,4 pontos sobre um ano atrás.

Renan Sanches, diretor operacional da Tenda, afirmou que o preço dos lançamentos na faixa 1 subiu 47% entre janeiro de 2020 e novembro de 2023, graças às melhoras no programa, como maior valor de teto para as unidades e para os subsídios. Isso fez com que regiões metropolitanas voltassem a ter viabilidade para a faixa. “Ajuda a empresa a crescer sem risco”, disse.

A companhia reduziu sua produção anual de unidades em cerca de 30% desde 2021, hoje são 14 mil unidades ao ano, para rever seu fluxo operacional. Já houve deflação no custo de materiais no ano, afirmou Sanches.

Segundo ele, falta banco de terrenos para a Tenda conseguir voltar ao patamar anterior, de cerca de 20 mil unidades anuais. “O foco para 2024 é fazer banco de terrenos para atingir isso no médio prazo, não deve ser no ano que vem”.

A companhia firmou um compromisso de reduzir seu pró-soluto pós-chaves — o valor que o cliente fica devendo diretamente para a empresa após a entrega da unidade — para abaixo de 10% no ano que vem. Essa parcela já caiu de 14% ao final de 2022 para 11,6% em novembro. Segundo Luiz Maurício, diretor financeiro, o FGTS e o RET 1 devem ajudar nesse processo.

Daniela Ferrari, diretora institucional, afirmou que a empresa aguarda a prefeitura de São Paulo liberar a contratação de três projetos da Tenda para o programa municipal Pode Entrar, que somam 3,5 mil unidades e R$ 712 milhões em faturamento. É esperado que isso ocorra em janeiro.

Sanches apontou que a companhia tem tentado se preparar, com fornecedores, para o que prevê ser um cenário “desafiador” de custos e disponibilidade de mão de obra na capital paulista em 2024, se as obras do Pode Entrar conseguirem andar, porque o volume a ser produzido em todo o programa é alto, 40 mil unidades.

Alea aumenta produção

A marca de casas pré-fabricadas da Tenda, Alea, aumentou sua média de produção de 1,5 casas ao dia, no começo do ano, para 4,5 casas, segundo Luis Martini, diretor do segmento.

Ainda está longe, contudo, das 30 casas ao dia que a empresa precisa fazer para atingir sua meta de produzir 10 mil casas da Alea ao ano.

Em 2023, foram 700 unidades produzidas e 2 mil lançadas — os lançamentos foram apenas 400 há um ano.

A expectativa da empresa é produzir entre 1,4 mil e 1,8 mil unidades em 2024, com lançamentos entre 2,5 mil e 3 mil unidades, e atingir entre 2,5 mil e 3,5 mil unidades produzidas em 2025, com lançamentos no patamar de 4,5 mil a 5,5 mil.

Para ajudar a escalar a produção, a Alea começou a trabalhar neste ano com loteamentos de terceiros, e não apenas com áreas próprias. Esse tipo de projeto já representou 77% dos lançamentos no ano.

Com esse modelo, a companhia tem visado cidades menores, entre 10 mil e 50 mil habitantes, que Martini considera ser um “mar azul” para a companhia, por ter menos concorrência.

A companhia quer reduzir seus custos em 27% nos próximos anos. O principal fator para isso é um novo modelo de casa, com telhado embutido, que começou a ser utilizado no terceiro trimestre.

A margem bruta de novas vendas da Alea deve ficar entre 5% e 8% ao final do ano. A meta da empresa é elevá-la para 25% a 29% em dois anos.

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