Foto: João L. Anjos – Angular aerofoto.
Linha 6-Laranja do Metrô tem atraso de mil dias e poderá ter obras aceleradas; custo vai aumentar
Matéria publicada originalmente por José Maria Tomazela, O Estado de S. Paulo – As obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo, que já acumulam mais de mil dias de atraso em relação ao cronograma original, estão sendo intensificadas para cumprir o prazo estipulado pelo governo. Esse esforço acelerado resultará em um aumento nos custos finais. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) prometeu entregar a linha completa até outubro de 2027, embora problemas geológicos não previstos tenham causado um atraso de 1.096 dias, possivelmente adiando a conclusão para 2028.
O governo está em negociação com a concessionária Linha Uni para acelerar os trabalhos e garantir o cumprimento do prazo. A concessionária solicitou um adicional de R$ 230 milhões devido a gastos não previstos no contrato. Até o momento, a Linha Uni informou que nove estações já têm escavações concluídas.
A concessionária notificou o governo sobre o atraso em um documento público emitido no final de março deste ano. Conforme o relatório, problemas geotécnicos inesperados resultaram em um acréscimo de três anos e um dia no cronograma inicial, que previa a conclusão da Linha 6-Laranja em 2025. A Linha Uni assumiu as obras em 2020.
Projeto
Este novo ramal contará com 15 estações, ligando a estação de Brasilândia, no extremo noroeste da capital, à estação São Joaquim, no centro, totalizando 15,3 quilômetros de percurso. O atraso foi atribuído a rochas e condições de solo não previstas nos estudos geológicos realizados para a licitação.
Atraso
Em 2020, quando o então governador João Doria anunciou a retomada das obras, ele afirmou que a construção levaria cinco anos, com previsão de conclusão em 2025. No entanto, o atual governador, Tarcísio de Freitas, disse que parte da linha, entre Brasilândia e Perdizes, com oito estações, entrará em operação em setembro de 2026, com o restante concluído em 2027.
A Acciona Construcción, responsável pela execução das obras, está realizando estudos para reduzir o tempo de atraso, alterando métodos de construção e aumentando os esforços e recursos. O relatório não especifica os locais exatos dos problemas geológicos, mas especialistas apontam dificuldades com o “Tatuzão” – a tuneladora – em áreas com muitos prédios de fundações profundas, especialmente no trecho sul da linha.
Desafios
Áreas com grandes rochas de granito e solo poroso exigiram injeção de concreto no subsolo. Durante as escavações, foram encontrados 12 sítios arqueológicos, com fragmentos de cerâmica, louças e vidros de mais de um século, o que também contribuiu para a lentidão das obras.
Infraestrutura
A Linha 6-Laranja é o maior projeto de infraestrutura público-privada em desenvolvimento na América Latina. Ela servirá importantes universidades da capital e deverá transportar cerca de 633 mil passageiros diariamente. Com 15,3 km de túneis atravessando áreas densamente habitadas, o tempo de viagem para quem usa ônibus será reduzido de aproximadamente 90 minutos para 23 minutos, segundo a concessionária.
A Parceria Público-Privada da Linha 6-Laranja foi lançada pelo governo estadual no início da década passada, com o consórcio Move SP sendo o único participante e vencedor. Após várias desapropriações e obras iniciais, o consórcio suspendeu as atividades em 2016. O grupo Acciona, liderando o consórcio Linha Uni, assumiu as obras em 2020.
Progresso
Das 15 estações, seis estão com mais de 50% das obras concluídas, incluindo o Pátio Morro Grande junto à Estação Brasilândia, que está 63,42% finalizado. Entre as estações, Santa Marina teve o maior avanço com 62,13%, enquanto a estação 14 Bis está mais atrasada, com apenas 8,58% dos serviços concluídos. No geral, o progresso médio das obras nas estações é de 46%.
O andamento da Linha 6-Laranja demonstra o compromisso com a melhoria do transporte público em São Paulo, apesar dos desafios encontrados ao longo do caminho. A linha, quando finalizada, representará um significativo avanço para a mobilidade urbana na capital.
